Plagiocefalia Posicional: assimetria craniana ou cabeça torta

Na maioria dos casos, a cabecinha torta do bebê pode ser corrigida com simples ações e procedimentos caseiros, mas existem alguns casos que devem receber atenção especial de um especialista o mais cedo possível.

ALERTA: seu filho pode ter Plagiocefalia Posicional

Com uma estimativa de que 12 em cada 100 bebês nascem ou desenvolvem algum tipo de assimetria craniana, a Plagiocefalia Posicional, apesar de comum, ainda representa um caso de diagnóstico difícil tanto pelos pais quanto pelos próprios pediatras.

De nome complicado, a Plagiocefalia Posicional é um tipo de deformidade craniana que, quando não tratada, pode gerar complicações estéticas e até mesmo funcionais dos órgãos localizados na cabeça. O problema pode ocorrer por conta do posicionamento intra-uterino, parto mais complicado e gestação de gêmeos. Após o nascimento, a assimetria é perpetuada pelo apoio viciado em uma região da cabeça, seja pelo posicionamento do bebê na hora de dormir ou pelotorcicolo congênito.

De acordo com pesquisa feita pela Harvard Medical School, em Boston, Massachusetts, 12% das crianças saudáveis nascem com algum tipo de assimetria. Destes 12%, aproximadamente 3% merecem algum tipo de intervenção, seja cirúrgica ou não. Além disso, 54% das crianças gêmeas também nascem com assimetrias.

Apesar de não causar nenhum dano cerebral, a Plagiocefalia Posicional também pode ocasionar problemas com o fechamento da mandíbula, desalinhamento dos olhos e orelhas. Mas calma mãe, o problema tem solução!

Como tratar a Plagiocefalia Posicional?

A Plagiocefalia Posicional pode ser revertida quando tratada no período máximo de 1 ano e 3 meses de vida do bebê. Isso acontece, porque após este estágio as suturas cranianas, que costumamos chamar de “moleira”, vão se fechando lentamente. Após os 24 meses o processo está praticamente concluído e a possibilidade de reverter a assimetria se torna nula.

De acordo com o Dr. Gerd Schreen, a duração do tratamento para correção da Plagiocefalia Posicional varia entre 3 e 5 meses, de acordo com a idade de início do uso da órtese e o grau de assimetria apresentada pelo paciente. O primeiro passo para início da correção das imperfeições acontece com o diagnóstico, realizado pelo especialista em assimetria craniana, geralmente indicado pelo pediatra ou neurocirurgião.

Deve-se descartar uma cranioestenose, que é o processo de fechamento prematuro das suturas cranianas, que acontece até os 24 meses, e exige procedimento cirúrgico para que o cérebro ganhe espaço para o seu desenvolvimento natural”, explica.

Então, quando o bebê é diagnosticado com Plagiocefalia Posicional, ele passa por um “escaneamento” do crânio para tirar suas medidas exatas e confeccionar uma órtese, similar a um capacete, que alinha a cabeça sem causar nenhum incomodo, mas que deve ser mantida na criança durante todo o dia, inclusive durante o sono. Recomenda-se tirar a órtese apenas na hora do banho. Na maioria dos casos, a reversão do problema é total.

Nos Estados Unidos e em boa parte dos países da Europa e da Ásia a terapêutica é bem difundida. São mais de 17 anos de diagnósticos realizados e mais de 80 mil crianças tratadas.

Por que tratar a Plagiocefalia Posicional?

Além de todos as questões de desalinhamento causadas pela Plagiocefalia Posicional, o bullying surge como um fator bastante importante na decisão de tratar o problema.

Por conta da notória deformidade na cabeça, já existem alguns relatos de adultos que desenvolveram bloqueios e problemas psicossociais refletidos em todos os aspectos da vida por causa da assimetria. Como a reversão só pode ser feita quando a criança ainda é muito pequena, a decisão é total dos pais, o que os torna responsáveis pelo tratamento.

Medidas Corretivas para a Plagiocefalia Posicional

  • Observe sempre a cabecinha do seu bebê, exatamente como faz com as demais partes do corpo – posicione o bebê de frente para você, de frente para o espelho, de perfil e observe também o topo da cabeça. Olhando para o bebê por estes ângulos, fica fácil de identificar se o desenvolvimento acontece da maneira correta ou se é necessário fazer algum tipo de prevenção;
  • Caso detecte algum tipo de deformidade na cabeça do bebê, a chamada Plagiocefalia Posicional, adote algumas medidas preventivas que podem reverter o quadro. A primeira delas é tentar posicionar o bebê, principalmente na hora de dormir, do lado contrário àquele da deformidade. Trata-se, realmente, de um trabalho árduo, que deve envolver toda a família, uma vez que o bebê certamente vai mudar sua posição durante o sono, preferindo sempre o apoio no lado da cabeça que já apresenta deformidade;
  • É muito mais fácil supervisionar o sono do bebê durante o dia. À noite, para que o bebê não se vire para o lado em que a cabeça apresenta alguma deformidade, coloque apoios em suas costas. Aqueles rolinhos ou travesseiros auxiliam nessa tarefa.
  • O reposicionamento também vale para a hora da alimentação. Se o bebê ainda é amamentado pela mãe, no peito, é importante que ela altere a posição de apoio da cabeça do bebê durante cada mamada;
  • Pergunte ao pediatra se o bebê apresenta torcicolo congênito. Crianças com esse tipo de problema, normalmente tem predileção por virar o pescoço sempre para o mesmo lado, o que contribui para a Plagiocefalia Posicional. Caso o bebê seja diagnosticado com o torcicolo, as atividades com fisioterapeuta serão decisivas para a correção das deformidades na cabeça;
  • Na hora de dormir: posicione o berço do bebê de maneira que ele receba estímulos de posições bem variadas. Há inúmeros casos de quartos de bebês em que o berço fica encostado em uma parede branca e todos os estímulos sonoros e visuais acontecem do lado contrário. O bebê certamente terá uma predileção por virar a cabeça na direção dos estímulos e ficará mais tempo apoiado em um mesmo lado da cabeça. Uma alternativa pode ser alternar a posição do bebê no berço, como por exemplo, uma vez você o coloca na posição normal e de outra vez você o coloca deitado com a cabecinha virada para os pés da cama, assim você terá trocado o ponto de apoio da cabeça sem mexer no quarto inteiro;
  • Não deixe o bebê por horas na cadeirinha ou bebê conforto. A movimentação da criança fica limitada e as chances de que ele apoie sempre o mesmo ponto da cabeça são enormes;
  • Sempre que possível opte por carregar o bebê de forma que a cabeça não permaneça muito tempo apoiada no mesmo local. Os famosos cangurus ou slings são bastante eficientes nesses casos;
  • Na hora do banho, observe se não utiliza sempre os mesmos pontos de apoio e faça o reposicionamento sempre que puder;
  • Sempre que possível e, claro, com supervisão, coloque o bebê para brincar de barriga para baixo. Nessa posição, além de não apoiar a cabeça, a criança ainda fortalece a musculatura do pescoço;

Como fazer o exame da Plagiocefalia Posicional em casa:

Etapa 1:

AVALIAR O FORMATO DA CABEÇA

O primeiro passo para avaliar o formato da cabeça de seu bebê consiste em olhá-lo de cima para baixo. O melhor jeito de fazer isso é acomodando-o no colo de alguém (geralmente sentado no chão ou em uma cadeira baixa) de uma maneira que você possa olhá-lo de uma posição mais alta, de cima para baixo.

Normal Plagiocefalia Braquicefalia Escafocefalia
O formato normal da cabeça é um pouco alongado, sendo o comprimento cerca de 1/3 maior maior que a largura. Nota-se um achatamento de um dos lados. O formato assemelha-se a um paralelogramo. A largura é maior em relação ao comprimento. A região posterior da cabeça é chata ao invés de arredondada. A cabeça é longa e estreita.

Etapa 2

AVALIAR A VISÃO DE PERFIL

Dessa vez vamos avaliar a visão de perfil. Com a ajuda de alguém, olhe para a cabeça de seu bebê de um lado e depois do outro.

Normal Plagiocefalia Braquicefalia Escafocefalia
A região posterior é arredondada. Ambos os lados são simétricos. Pode-se ter a impressão de que um dos lados é mais alto que o outro. Uma orelha pode estar mais próxima do ombro em um dos lados. A cabeça é “”curta”” na medida ântero-posterior. A parte posterior é achatada.
Há uma elevação da parte posterior do topo da cabeça.
A cabeça é “”comprida”” na medida ântero-posterior.

Etapa 3

VERIFICAR ASSIMETRIA NA FACE

A melhor maneira de verificar assimetria na face é olhando o reflexo de seu bebê no espelho. Lembre-se que as alterações descritas podem estar presentes em variados graus de severidade, dependendo do comprometimento do formato craniano.

Normal Plagiocefalia Braquicefalia Escafocefalia
Os olhos são do mesmo tamanho e na mesma altura na face. As maçãs do rosto e bochechas têm o mesmo tamanho.
O topo da cabeça é simétrico.
Um olho pode ser menor que o outro. Uma bochecha é mais “”cheia”” que a outra. Topo da cabeça é inclinado A face parece pequena em relação à cabeça. A cabeça é larga.
As proeminências acima das orelhas são pontos mais proeminentes da cabeça nessa visão.
As orelhas dão a impressão de que vão se destacar do crânio em sua porção superior.
A cabeça é alta e estreita.

Etapa 4

OBSERVAR AS ORELHAS

Agora vamos reparar nas orelhas.

Com o bebê sentado no colo de alguém, peça para que essa pessoa coloque delicadamente um dedo em cada ouvido do bebê e, olhando de cima, verifique se há um desalinhamento das orelhas, ou seja uma é mais para frente que a outra.

Etapa 5

VEJA O ALINHAMENTO DA FACE

Com o seu bebê deitado de costas e olhando reto para cima, repare:

Normal Plagiocefalia Braquicefalia Escafocefalia
Os olhos e orelhas são iguais de ambos os lados. A região anterior da cabeça é arqueada e simétrica. A região anterior é angulada e inclinada para um dos lados. Face é inclinada e torta.
Olhos e orelhas estão desalinhados.
Uma metade da face é mais “”cheia”” que a outra.
A cabeça é larga. As proeminências acima das orelhas são os pontos mais proeminentes da cabeça também nessa visão. A cabeça é alta e estreita. Região anterior da cabeça se assemelha a um quadrado.

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