Os andadores podem ser perigosos

Os andadores para bebês podem ser perigosos

Andador é o produto infantil mais perigoso, seguido por equipamentos de playground, mas segundo pesquisa, não traz benefícios nem prejuízos ao desenvolvimento motor.

O andador infantil está sempre no centro de polêmicas quanto aos seus benefícios e malefícios. Mas a questão não é tão simples para que seja classificado como bom ou ruim à criança. Os riscos de acidentes existem e são grandes.

Uma informação importante é que no Canadá a venda dos andadores infantis foi proibida. Países como os Estados Unidos também querem a sua proibição. O motivo mais importante para a eliminação desses andadores é o grande números de acidentes graves envolvendo crianças e andadores. A maioria das crianças que se acidentaram com o andador sofreu traumatismo craniano e, em alguns casos, faleceram.

Ingrid Emanuelson, uma pesquisadora sueca, publicou uma análise dos casos de traumatismo craniano moderado em crianças menores de quatro anos. Ela considerou o andador o produto infantil mais perigoso, seguido por equipamentos de playground.

Andador de bebê - Zaptik / ShutterStock

Os andadores em que a crianças ficam sentada no meio com os pezinhos empurrando o utensílio podem chegar à velocidade de 1 metro por segundo. Qualquer objeto que trave a sua rodinha pode tombar o andador e a primeira parte do corpo a ser projetada ao chão é a cabeça. Daí o risco.

A escada é outro perigo:

”É muito comum a queda do andador em escadas, e as lesões decorrentes desta queda sempre são graves, com trauma de crânio e hospitalização”, relata o pediatra Emílio Carlos Elias Baracat.

Há outro tipo de andador em que a criança só se apoia e empurra. Estes também podem acarretar acidentes, mas em menor proporção e gravidade do que os anteriores. Não chega a velocidades grandes. E se a criança escorregar é mais difícil que a cabeça seja a primeira parte do corpo a tocar o chão.

Atenção dos responsáveis é fundamental

Os pais pensam no andador como uma ajuda para a independência dos filhos. Com os filhos colocados dentro do aparato, os pais se consideram mais tranquilos para que possam fazer a comida, passar roupa ou assistir televisão, deixando-os sozinhos. Engano grande. Com o andador, a atenção deve ser redobrada.

O problema é que há estimativas que relatam que em 70% dos acidentes que causaram traumatismos nas crianças, havia “supervisão” de um adulto. Esse é o grande ponto agravante, pois se diz que o andador deve ser utilizado com a supervisão de um adulto para evitar acidentes e essa supervisão parece não surtir efeito. Isso deve ocorrer porque os pais devem relaxar com o tempo e acreditam que situação está sobre controle, mas de repente algo novo acontece e ao invés do adulto estar ao lado do bebê no momento necessário, está longe ou distraído com a tv ou um aplicativo no celular.

Quando se fala em supervisão, imagina-se que o responsável por ele estará sempre ao lado do bebê, como faria se estivesse ensinado um criança a andar de bicicleta, mas não é isso que ocorre. O normal é colocar o bebê no andador, sentar no sofá e no máximo dizer, de longe, uns “nãos” para o bebê. Isso não é supervisão. Daí as campanhas para impedir a venda do produto, pois já que a supervisão é negligenciada, é melhor que o produto não esteja disponível. Se impedir a venda é certo ou errado é uma outra questão, já que brinquedos de playground e piscinas também são muito perigosos sem supervisão e dificilmente se conseguirá impedir suas instalações.

Andador prejudica o desenvolvimento do bebê?

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou um estudo¹ com 40 crianças (metade usou andador e outra metade não) e concluiu que o andador não traz benefícios e nem prejuízos quanto ao desenvolvimento motor da criança.

“Uma das principais restrições ao andador dizia respeito ao alto número de acidentes que ele pode provocar, mas percebemos que isso é consequência da negligência dos pais. Independentemente do uso do andador, eles devem estar sempre atentos aos filhos nessa fase de exploração e descobertas”, afirma Marisa Mancini, orientadora do projeto do Departamento de Terapia Ocupacional da UFMG.

Se os pais optarem pelo andador, seu uso deve ser sempre supervisionado e com tempo limitado para que a criança possa explorar o seu ambiente de formas diferentes, se desenvolvendo bem tanto motora como cognitivamente.

 

(1) Link para o estudo: Efeitos do uso do andador infantil na aquisição da marcha independente em lactentes com desenvolvimento normal – Paula Chagas.pdf

Dicas

Preferencialmente não coloque seu bebê em andadores.

Se for colocar seu bebê no nadador, faça isso por um tempo pré-determinado, como por exemplo, 5 minutos e sempre fique o lado do bebê. Nessa hora, esqueça tv, celular, panela no fogão, etc. Se precisar atender a campainha/interfone, por exemplo, retire a criança do andador e leve-a junto.

Não existe nenhuma criança que saiba conduzir e controlar um andador, bastam segundos de distração para que um acidente aconteça.

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