Leite materno e prevenção da obesidade

 

Nunca é demais salientar que o leite humano é o alimento mais completo e perfeito para ser usado nos primeiros seis meses de vida. Além de fornecer todos os nutrientes, na qualidade e quantidade ideais para a nossa espécie, funciona ainda como uma primeira vacina, pois protege os bebês contra uma infinidade de doenças.

As pesquisas científicas demonstram que a obesidade e o diabetes tipo I e II estão entre as patologias contra as quais o maravilhoso leite materno é capaz de oferecer proteção.

Os recentes estudos realizados pelo grupo do Dr. Jill Norris, da Universidade do Colorado, em Denver, nos Estados Unidos, provam que o efeito protetor do leite materno é dose dependente, ou seja, quanto mais tempo a criança for amamentada, maior a proteção contra a obesidade e o diabetes.

Segundo esses pesquisadores, para cada mês de aleitamento materno foi comprovado um decréscimo de 4% no risco de essa criança desenvolver obesidade. Assim, crianças que receberam leite materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida, já contam com um risco quatro vezes menor (24%) quando comparadas com aquelas que receberam fórmula infantil como primeiro alimento.

Com relação ao diabetes, os resultados foram ainda mais impressionantes. Os índios Pima, que formam um grupo populacional com altíssima prevalência para essa doença, foram divididos em dois grupos para pesquisa: Aqueles que recebiam leite materno exclusivo nos primeiros seis meses e aqueles que recebiam fórmula infantil. No grupo que mamou no peito foram constatados 95% menos casos de diabetes quando comparado com o outro grupo.

As explicações para esse maravilhoso efeito protetor ainda estão longe de ser completamente entendidas, porém já conhecemos algumas.

Inicialmente, a composição do leite é exatamente a que precisamos. A quantidade e qualidade de proteínas e gorduras, a densidade calórica, a relação entre cálcio e fósforo e a disponibilidade do ferro são apenas alguns exemplos de como o leite da própria mãe é nutricionalmente ideal para o bebê.

Outra razão é o gasto energético envolvido com o ato de sugar no seio. Enquanto na mamadeira o leite é ingerido praticamente pela ação da força da gravidade, na amamentação é necessário um esforço de toda a musculatura da face, o que, além de gastar energia e proteger contra o exagerado ganho de peso, melhora a oclusão dentária, fortalece a musculatura da mímica e protegendo contra problemas na fala.

Crianças que recebem leite materno param de mamar somente quando ficam satisfeitas. As que recebem mamadeira, geralmente mamam até não deixar resto, perdendo a capacidade de atingir naturalmente a saciedade. Isso pode estar relacionado com episódios de compulsão alimentar anos mais tarde.

Não podemos esquecer a questão emocional. Sabemos que crianças alimentadas com leite materno têm uma auto-estima melhor desenvolvida, um melhor desempenho nas questões sociais e um rendimento escolar melhor, quando comparadas com as que não mamam na própria mãe. E quem se gosta, se cuida!

Finalmente, as ações do leite materno no sistema imunológico são muito conhecidas. Crianças que mamam no peito têm muito menos doenças infecciosas. Hoje sabemos que muitos tipos de diabetes estão relacionados com problemas na auto-imunidade e está provado em vários trabalhos científicos que o leite materno melhora muito essa função do nosso organismo.

O leite materno é um agente protetor que funciona por toda a vida. Além de sua ação na infância, sabemos que adultos que foram amamentados com leite humano apresentam menos obesidade e diabetes do que aqueles que receberam outro tipo de leite.

Mas as boas notícias não são apenas para quem recebe o leite materno! Mães que amamentam seus filhos no peito retornam ao peso de antes da gravidez bem mais rápido do que aquelas que não amamentam.

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