Síndrome de Kawasaki

A síndrome de Kawasaki ficou mundialmente conhecida no ano de 2009, quando o filho do ator John Travolta caiu no banheiro, feriu a cabeça e acabou morrendo. Em entrevista, o ator afirmou que seu filho sofria da síndrome de Kawasaki, mas não foi a causa da morte.

Essa síndrome é um tipo de vasculite sistêmica aguda, ou seja, inflamação repentina das paredes das artérias do corpo da criança. É rara e acomete mais as crianças menores de cinco anos (80% dos casos), asiáticas (90 casos por 100 mil habitantes contra 10 casos por 100 mil entre não-asiáticos) e do sexo masculino (a incidência é duas vezes maior). Não há uma causa conhecida, mas acredita-se que seja por fatores infecciosos e alguma predisposição genética.

O diagnóstico pode ser difícil no começo, mas muito importante. Há três fases de sintomas. A primeira começa com febre alta (em torno de 40°C) por mais de cinco dias, podendo chegar a duas semanas, vermelhidão do tronco e da região genital, os dois olhos vermelhos e inchados, mas sem secreção, lábios rachados e língua inchada e vermelha como um morango. Dor de garganta e aparecimento de ínguas ou gânglios inflamados, principalmente na região do pescoço, podem ocorrer nessa primeira fase da doença.

A segunda fase é marcada por descamação dos pés e das mãos, dores nas juntas, diarréia, dor abdominal e vômitos e pode durar até duas semanas. Já na terceira, os sintomas regridem lentamente até a recuperação quando há o tratamento.

A maior complicação que pode acontecer na Síndrome de Kawasaki é quando há o comprometimento do coração, como aneurismas nas artérias coronárias, inflamação do músculo (miocardite) ou da membrana que recobre o coração (pericardite). Aneurismas são perigosos por facilitarem a estase de sangue e a obstrução da artéria, causando o infarto (morte de tecido do músculo cardíaco por falta de oxigênio).

Em média, apenas duas em cada 100 crianças com a doença de Kawasaki desenvolvem aneurismas e problemas cardíacos.

Nem todas as crianças apresentarão todos os sintomas citados. Muitas podem ter manifestação incompleta da doença. Não existem testes laboratoriais específicos para o diagnóstico, que é clínico levando em conta os sinais e sintomas da doença. Exames de urina, sangue e coração podem complementar o exame clínico.

O tratamento consiste em diminuir a inflamação e prevenir maiores complicações. É indicado o uso de ácido acetilsalicílico para a redução da inflamação. Esse ácido também funciona na administração na veia de uma substância chamada gamaglobulina, que é um derivado do sangue que reduz a dilatação dos vasos do coração, fazendo regredir aneurismas de pequeno e médio diâmetros. Depois, ainda é preciso investigar se houve complicações cardíacas.

Quando a síndrome se resolver, exames periódicos devem ser realizados para acompanhamento da criança. É importante a realização de exames de sangue, como o hemograma e a velocidade de hemossedimentação (VHS), até que voltem ao normal.

Caso a criança permaneça com aneurismas, deve-se fazer um controle com exames cardiológicos de tempos em tempos, na indicação do seu médico. O médico também pode afastar a crianças de determinadas atividades físicas para evitar que se machuque e sua vida corra risco em virtude dos remédios que toma, evitando riscos de formação de coágulos no sangue.

Doença de Kawasaki em Tempo de Coronavírus

Com o aparecimento da pandemia de coronavírus tem se observado que na Europa e USA que houve um aumento dos casos da doença Kawasaki. A Itália é o país que mais tem incidência de casos, no norte da Itália já registrou 20 casos desde final de março, isso representa o equivalente ao total de casos ao longo de 3 anos. Já no Reino Unido, cerca de 20 crianças foram identificadas com a doença de Kawasaki, mas nem todas elas testaram positivo para Covid-19 e nos Estados Unidos, uma bebê de 6 meses na Califórnia que foi internada em um hospital com doença de Kawasaki testou positivo para Covid-19

O Coronavírus é uma doença nova e não existe certeza se ela pode ou não desenvolver a doença de Kawasaki, porque tem crianças que apresentaram a doença mas não deram positivo para o vírus, para pesquisadores há uma grande preocupação se existe ou não relação entre as duas doenças.

Lembre-se, mamãe, de que o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento são fundamentais para evitar as complicações da doença.

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