Ovodoação compartilhada

Ovodoação compartilhada: uma realidade aceita pela sociedade que beneficia ambas as mulheres

As razões que levam uma mulher a necessitar de óvulos doados para que possa realizar seu projeto maternal têm se ampliado nos últimos tempos. Tais indicações se estendem desde as que envolvem os fatores genéticos, que podem justificar a opção pela doação de oócitos, aquelas ligadas essencialmente ao envelhecimento ovariano e que abrigam o maior leque de situações, onde a única alternativa para o processo reprodutivo fica restrita à aceitação de óvulos doados. “Também não podemos deixar de destacar as mudanças no comportamento social da mulher, onde um exaustivo preparo profissional tornou-se necessário para enfrentar as questões de gênero que norteiam o desigual mercado de trabalho, e que levam a retardar seu projeto de maternidade”, enfatiza o especialista em Reprodução Humana, Vinicius Medina Lopes, do Instituto Verhum.

Essa postura, comprovada em muitos países, cede aos anseios reprodutivos apenas quando a mulher alcança o momento de maior estabilidade no campo profissional, de modo a enfrentar as limitações impostas pelos afastamentos no período grávido-puerperal. “Hoje, constata-se que a mulher engravida cada vez mais tarde, ao atingir o período de declínio de sua vida reprodutiva, quando é elevado o risco reprodutivo materno-fetal, sobretudo no que tange às cromossomopatias. Assim, considerável número de mulheres com dificuldades de conceber procura os serviços de reprodução assistida”, explica Dr. Vinicius.

Na Catalunha (Espanha), a percentagem de mulheres que tiveram seu primeiro filho após os 35 anos aumentou em 30% nos últimos cinco anos (Barri et al.,2002). Nos Estados Unidos, a idade média da mulher ao ter o primeiro filho aumentou de 21.4 anos, em 1975, para 24.9 anos em 2000 (Speroff & Fritz, 2005). No Brasil, segundo pesquisa da Marplan, 57% das mulheres de 20 a 29 anos possuíam uma criança de um ano de idade. Em 1998, esse percentual caiu para 44%. Por outro lado, entre mulheres na faixa de 30 a 44 anos, no mesmo intervalo de tempo, esse percentual aumentou de 31 para 40% (Granato,1998).

Uma série de alternativas tem sido utilizada para melhorar o prognóstico reprodutivo, preservando na prole a herança genética do casal, quando a mulher decide engravidar ao atingir faixas etárias mais elevadas. O uso das técnicas de reprodução assistida, em especial a fertilização “in vitro” (FIV) e suas variantes, como a ICSI, o “assisted hatching” e a doação de citoplasma tem resultados controversos. O envelhecimento folicular, indiscutivelmente, representa um obstáculo que empobrece as chances de gravidez mesmo diante de recursos mais avançados.

É notório que, na vigência de uma reserva ovariana exaurida, a alternativa mais exitosa para permitir uma gravidez é a FIV com óvulos doados. Nesse procedimento, os custos e os óvulos obtidos são partilhados pelas pacientes. “É a doação compartilhada de óvulos (DCO), que teve início no Brasil em 1993. Seus critérios preliminares, que sofreram progressiva atualização, foram publicados em 1995 (Lopes et al,). Em 1999, a DCO passou a ser empregada no Reino Unido, após obter a aprovação da HFEA, órgão que disciplina a prática de reprodução assistida (Blyth, 2002). O órgão de controle ético inglês tomou tal decisão considerando que a DCO tinha vantagens sobre a doação direta porque evitava que a doadora usasse drogas apenas para doar óvulos, as medicações usadas na doação compartilhada serviriam para o seu próprio tratamento e o esquema beneficiava diretamente ambas as mulheres”, finaliza o médico.

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