O excesso de cesarianas no país e seus riscos

No ritmo que vamos logo chegaremos a quase 100% de partos cesarianas e as mulheres estão sendo levadas a acreditar que isso é o certo

Você sabia que Brasil é o país com a maior taxa de cesarianas no mundo? Não há nenhum motivo para comemorar esse “título”. O excesso de cesarianas no país é preocupante, pois evidencia algumas práticas que podem trazer sérios riscos à mãe e ao bebê.

Para começo de conversa, a cesariana é indicada apenas em casos de emergência e que ofereça riscos de vida. Isso quem diz é a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A organização indica que a taxa ideal de cesariana é de até 15%. Mas a taxa de cesariana no Brasil é de 52%. Ou seja: mais de três vezes mais do que o ideal.

E nas redes de hospitais privadas do país, esse índice chega a 85%!

Parto cesárea, médico retirando o bebê - Foto: Artter/ShutterStock.com

Sabemos que a cesárea, infelizmente, virou procedimento “mais fácil e cômodo” nos hospitais brasileiros.

É bem comum ouvirmos que o médico vai agendar o parto para daqui duas semanas. Você já parou para pensar que botar um filho no mundo não é como agendar uma tarde no salão de beleza? É preciso dar ao bebê o tempo que ele necessitar para que venha naturalmente ao mundo.

O mais grave é constatar que muitos médicos programam partos cesarianas na sexta ou segunda-feira justamente para não cair no fim de semana, e assim não atrapalhar sua folga. É mais cômodo a ele.

O pior é que a gestante fica “refém” do médico, afinal foi ele quem acompanhou toda a gestação e inventa mil desculpas para não fazer o parto no sábado e domingo. E para não correr o risco de perder o médico que cuidou da gestação (e ser atendida na hora do parto por um plantonista desconhecido da família), a mulher acaba aceitando agendar a cesariana para o meio de semana.

Ao contrário do que muitas pessoas falam, a cesária não é mais segura que o parto normal. A cirurgia feita abaixo do umbigo representa risco seis vezes maior de infecção ou hemorragia em relação ao parto natural.

O Ministério da Saúde informa que a chance de internação na UTI de uma criança nascida por parto normal é de 3%, enquanto a de uma criança por cesariana é de 12% (quatro vezes mais).

Além disso, a cesariana aumenta risco de parto prematuro, pois nem sempre houve a maturidade fetal (pode haver falha na contagem das semanas).

Outra: o aleitamento tende a ser mais completo no parto normal, pois o corpo da mulher naturalmente se preparou. Já na cesariana, nem sempre a descida do leite ocorre imediatamente, afetando diretamente após o nascimento.

O corpo da mulher se recupera mais rápido no parto normal.

Medo das mulheres – Mulheres optam pela cesariana pelo fato de ser mais rápida. Um parto normal pode levar de quatro a oito horas, ou mais. A cesariana costuma ser feita em pouco mais de uma hora.

Os riscos da cesariana eletiva – Por pura vaidade, muitos pais ainda alimentam o sonho de programar a chegada do filho para uma data específica. Às vezes, o pai quer que o filho nasça na data que um parente nasceu. Ou então é a mãe que programa dar à luz no dia de aniversário de um santo ou ainda querem uma data apontada por um guru do zodíaco ou algo parecido.

Esse tipo de cesariana é chamado “Cesariana Eletiva”, que é o tipo de cesariana mais perigosa à vida da mulher e bebê, pois “força” o bebê a sair na contramão do tempo natural.

A ideia do artigo não é dizer “não” às cesarianas, mas sim mostrar que existem sim riscos reais de infecção, hemorragia e problemas no aleitamento. A cesariana é indicada em alguns casos de doenças e outros fatores mais raros e com comprovação científica.

Portanto, estude bem o procedimento que adotará. Analise se o que o médico diz sobre cesariana é por comodidade ou se de fato é necessária. Médicos que durante o pré-natal já dão sinais de preferirem a cesariana ou desconversam sobre o parto normal, terão maiores chances de optar pela cesariana dando qualquer tipo de desculpa na hora do parto e deixando a gestante sem saída.

Faça o teste durante as visitas de pré-natal

Normalmente os obstetras gostam de ter um quadro com bebês dos quais fizeram o parto, vá perguntando à ele: “esse nasceu de parto normal ou cesariana (se foi cesárea, pergunte “por que?”). A tendência é que se a maioria foi de cesárea, o seu também terá grandes chances de ser cesárea mesmo que contra a sua vontade.

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