Infertilidade Afeta Igualmente Homens e Mulheres? Especialista Esclarece

Depois de um ano de tentativas de gestação frustradas, casal é considerado infértil; quando isso ocorre, tanto o homem quanto a mulher precisam recorrer aos médicos

Ao contrário do que muita gente imagina, a infertilidade não é um problema que pode ser atribuído exclusivamente à mulher. Segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), as causas da infertilidade podem ser igualmente femininas ou masculinas: cerca de 35% dos casos são relacionados à mulher, 35% são relacionados ao homem, 20% a ambos e 10% permanecem desconhecidos. 

Segundo Dra. Dorodina Correia, médica especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana, membro da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil), depois de um ano de tentativas frustradas de gestação, um casal já pode ser considerado infértil. “Quando isso ocorre, tanto o homem quanto a mulher precisam recorrer aos médicos para investigar as causas. É importante reforçar que tanto o homem quanto a mulher devem ser avaliados por seus respectivos médicos – urologista e ginecologista”

A médica lembra que a infertilidade é um assunto sempre permeado de muitos tabus, principalmente envolvendo confusões em torno de masculinidade e potência sexual. Ela ressalta que são temas absolutamente diferentes: um homem pode ter ambos, e ainda assim ser infértil. 

Segundo a Associação Brasileira de Urologia (SBU), existe uma lista de doenças e condições que podem causar a infertilidade do homem. Entre elas, estão condições anatômicas dos testículos, inflamações ou infecções, doenças sexualmente transmissíveis como gonorreia e HIV e história prévia de trauma testicular. 

Além disso, estudos iniciais apontam que o coronavírus também pode afetar o sistema urinário e reprodutivo masculino. Isso acontece porque a enzima receptora do vírus (ACE2), presente nos pulmões e rins, também está presente em grande quantidade nos testículos. “Porém, a SBRA lembra que, por ser uma doença nova, seus efeitos e a duração deles ainda estão sendo estudados”, ressalta Dra. Dorodina. 

A médica prossegue também dizendo que alterações hormonais, diabetes e cirurgias no aparelho urinário também podem obstruir os canais e afetar o transporte dos espermatozoides até o sêmen. Outra causa são medicamentos contra o câncer, que podem ter como efeito colateral a menor produção de espermatozoides. “Estima-se que ela volte ao normal passados cinco anos de tratamentos como quimioterapia, radioterapia e cirurgias”. 

Outras medicações também diminuem a fertilidade, entre elas, alguns antibióticos, anti-hipertensivos e antidepressivos. Em muitos casos, os efeitos negativos destas substâncias são reversíveis com a suspensão do uso. 

Por parte da mulher, a fertilidade natural tende a decrescer com o tempo, iniciando a queda por volta dos 35 anos. Além da idade, as causas mais comuns da infertilidade feminina são endometriose, infecção pélvica, síndrome dos ovários policísticos, bem como estilo de vida.

“É muito importante que o casal converse abertamente e busque ajuda médica para solucionar a infertilidade, uma vez que esse é um tema muito desgastante na vida conjugal. Com apoio especializado, as chances de um casal engravidar aumentam significativamente”, conclui Dra. Dorodina

Fonte:

Dra. Dorodina Correia, médica especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Humana, membro da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil)

A AMCR — Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil — é uma entidade sem fins lucrativos, suprapartidária. Fundada em março de 2021, pela médica ginecologista, Prof. Dra. Marise Samama, possui 42 associadas, pós-graduadas da área da saúde, distribuídas em todas as regiões do Brasil. A associação é fruto da vontade dessas mulheres (cientistas, médicas, biomédicas e profissionais de saúde), que defendem a igualdade de oportunidade entre gêneros, reconhecimento e valorização da mulher e da ciência e atuação das mulheres nas áreas de saúde feminina e Reprodução Humana

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