Guia de ocupação para gestantes

Apresenta-se neste artigo um Guia de Orientações Básicas de Terapia Ocupacional para Gestantes.

São orientações e sugestões que potencializam a realização das atividades cotidianas: profissionais, domésticas, de autocuidados, transferências (dirigir e outras), além de alterações ambientais.

Também visa-se a divulgação do trabalho da Terapia Ocupacional como recurso para outros profissionais e a proposta de autoeducação da gestante, disponibilizando-a este serviço de acompanhamento de todo o ciclo gravídico-puerperal.

Orientar as gestantes (e a equipe que as assiste) para a utilização das recomendações e recursos ergonômicos, visando a otimização da postura e a realização de suas atividades ocupacionais, bem como prevenir e tratar suas complicações, é o trabalho do Terapeuta Ocupacional.

Unitermos:Terapia Ocupacional, Gestação, Gravidez, Ergonomia, Postura, Posturas ocupacionais, Atividades de vida diária, Orientações cotidianas, Guia de Orientações Básicas de Terapia Ocupacional para Gestantes

Introdução

“É o estado do corpo que, a priori, determina a riqueza das experiências vividas.”
(BERTHERAT, 1996)

Este artigo de revisão bibliográfica, surge a partir da reunião de conceitos atualizados sobre hábitos e posturas e tem como objetivo apresentar um guia de orientações ocupacionais básicas para o cotidiano das gestantes, a fim de que possam usar o corpo eficientemente durante a gestação.

Visamos, com este guia, buscar um equilíbrio funcional ideal para que as atividades de vida diária da grávida, tanto profissionais quanto domésticas, sejam feitas baseadas nos conceitos ergonômicos, ou seja, que propiciem um máximo de conforto, segurança e desempenho eficientes.

Este guia baseia-se na experiência do Programa Gestar da Clínica de Terapia Ocupacional do Instituto Porto Alegre da Igreja Metodista, em Porto Alegre, que atende mulheres que desejam engravidar, gestantes em preparação para o parto e maternidade e puérperas, bem como seus familiares e, ou companheiros.

Apresentamos neste guia orientações e sugestões ocupacionais para o desempenho das atividades de vida diária, como por exemplo: deitar, dormir, levantar da cama, ficar em pé, sentar, relaxar, dirigir, caminhar e realizar tarefas domésticas e de autocuidados, além de alterações ambientes.

Espera-se que através deste conhecimento técnico-científico, passado de forma prática, outros profissionais da saúde possam instruir esta população e encaminhá-las ao terapeuta ocupacional.

Postura e Hábitos Posturais

Desde que os seres humanos adotaram a postura ereta e começaram a andar sobre duas pernas ao invés de quatro, uma musculatura extensora desenvolvida tornou-se necessária para manter o corpo ereto contra a gravidade. A coluna vertebral tornou-se exigida por novos padrões de força através da diferente distribuição de peso e tensão muscular. (1)

Acredita-se que o homem, adaptando-se à postura ereta vai buscar um equilíbrio funcional ideal, uma melhor postura para executar suas atividades de vida diária, tanto domiciliar quanto profissional. (2)

“Estar ereto, então, é mais do que ficar em pé. É um evento emocional e social, uma organização interna… A postura ereta humana é um impulso genético que, entretanto, requer uma rede social e interpessoal para se realizar. Por outro lado, aquilo que a natureza pretende atingir, como desenvolvimento e expressão da forma humana, é influenciado pela história pessoal e emocional.”
(KELEMAN, 1991)

Concorda-se com os autores que promulgam que postura é aquela que, preenchidas as necessidades do aparelho locomotor, permite que o indivíduo mantenha a posição ereta com esforço muscular mínimo. (1)

Diversos fatores interferem na postura: a) Os fatores mecânicos, no que diz respeito à alteração da força e resistência muscular, quando há fraqueza muscular e o baixo nível de reserva de energia fazem com que o indivíduo adote uma postura de descanso a fim de conservar energia, assim alterando sua condição postural; b) Os fatores traumáticos derivam de uma lesão direta ou indireta do aparelho locomotor.

Os hábitos, ou seja, a repetição de determinados movimentos, podem resultar no encurtamento, alongamento ou diminuição da força dos músculos. O costume de utilizar determinados objetos podem desencadear uma alteração postural secundária. Podemos citar o uso de bolsas à tiracolo, mochilas, malas pesadas e sapatos com salto exageradamente altos.

“A educação e a reorganização somáticas, internas, requerem um diálogo através do tronco cerebral para o tálamo e daí para o córtex, da excitação e do sentimento para a compreensão e a ação. O contato com o próprio corpo é o primeiro passo. Depois é preciso perceber os estados básicos de pulsação, os sentimentos e expressão que restauram a confiança em si mesmo… A máxima satisfação não está na perpetuação de um conjunto de ações e sentimentos fixos, mas na capacidade para ser firme, retrair, inchar, ceder e recuar como respostas alternativas apropriadas às exigências da vida diária.”

(KELEMAN, 1991)

Conhecer o próprio corpo, pode ser um fator que altera e colabora na regulação da postura e isto está ligado ao fator emocional. O quadro emocional se reflete no padrão postural do indivíduo. Em geral indivíduos confiantes, positivos, apresentam um padrão postural adequado, ocorrendo o contrário com indivíduos deprimidos e insatisfeitos. O trabalho emocional está diretamente relacionado com as funções musculares e fisiológicas. (4)

Postura e Gravidez

A gravidez envolve extensas modificações em todo o corpo, inclusive nos músculos, nas articulações e nos ossos. À medida que o útero aumenta de tamanho, o centro da gravidade da mulher tende a alterar-se, forçando-a a adaptar-se. Muitas adotam posturas incorretas, impondo à coluna vertebral e às articulações um esforço desnecessário.(8)

Nesta fase, além de tomar consciência do próprio corpo e reeducar sua postura, a gestante deverá fazer exercícios regularmente, integrando-os à sua vida diária. Assim estará desenvolvendo autoconfiança – tanto emocional quanto física – suportando as dores ou mal-estares, e assim estará preparada tanto para o parto quanto para o puerpério.

Muitas mulheres ao engravidarem desconhecem o funcionamento interno do seu corpo. É importante a consciência do efeito das mudanças e suas alterações sobre a postura. Nesta fase uma postura correta deve ser dinâmica e vital, variando sempre com suas necessidades.

A Terapia Ocupacional, através de orientações, tem como objetivo evitar e prevenir lesões musculares, pois conta com atividades que propiciam à gestante pensar e viver o corpo em modificação, propondo-se a modificar as regras que inibem a consciência corporal através da reeducação postural.

Como conseguir uma postura correta durante a gestação? A seguir, sugere-se algumas orientações posturais básicas de Terapia Ocupacional para que a gestante tenha um máximo de conforto, segurança e desempenho eficientes nas suas atividades de vida diária.

Orientações básicas de Terapia Ocupacional para gestantes

  • Levantar da cama: antes de levantar-se, mexer as mãos e pés com movimentos circulares para lubrificar estas articulações, preparando-as para o movimento. Virar-se de lado e apoiar o tronco sobre o cotovelo, levando as pernas para fora da cama. Evitar levantar flexionando o tronco para frente, pois esta posição promove um afastamento dos músculos reto abdominais, prejudicando assim a função de sustentação dos órgãos abdominais e sua ação durante o período expulsivo.
  • Ficar em pé: ao ficar em pé, a grávida deve deslocar o peso do corpo para a parte anterior dos pés, evitando sobrecarregar os calcanhares; para se posicionar desta forma, basta fletir ligeiramente os joelhos, contraindo as nádegas.
  • Caminhar: para realizar esta atividade a grávida deve estar usando sapatos adequados: confortáveis, de salto baixo e nivelados. O pé que está na frente deve tocar o chão primeiro com o calcanhar e os dedos voltados para cima; depois coloque o peso sobre esse pé e impulsione com os dedos, erguendo o outro que está atrás, que também deverá dobrar-se no tornozelo. Quando o pé vier de trás para frente, o joelho deve dobrar-se para frente antes do pé encostar no chão. Mantenha a cabeça erguida e balance os braços. O braço que balança para a frente normalmente é o oposto ao pé que está na frente.

    As roupas devem ser adequadas à estação. Dar preferência para vestidos, pois são mais confortáveis e fáceis de vesti-los, não limitam os movimentos e mantêm a postura favorável à ação dos músculos perineais e permitem uma melhor ventilação.

  • Sentar: para sentar-se a cadeira deverá ter encosto e braço de apoio, apoiando bem as costas, sentando-se sobre as nádegas, permitindo aos joelhos relaxar em ângulo reto, e aos pés, descansar no chão. Permanecendo muito tempo nesta posição, estimular a circulação batendo os pés nos chão alternadamente.
  • No trabalho: o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para a posição, seja em pé ou sentada.

    Para trabalho manual sentada, os móveis devem propiciar à gestante condições de boa postura, visualização e operação e devem ter, no mínimo, altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura da cadeira. O espaço deve permitir posicionamento e movimentação dos seguimentos corporais.

    As cadeiras utilizadas no posto de trabalho devem ter altura apropriada à estatura da grávida e à natureza da função exercida, com borda frontal arredondada, encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da coluna lombar e suporte para os pés que se adapte ao comprimento da perna da mesma.

    Para as atividade em pé, a grávida poderá utilizar uma cadeira para descanso entre as pausas e outro apoio para elevar as pernas.

    Nos locais de trabalho as condições de conforto devem estar de acordo com a Norma Regulamentadora n° 17 do Ministério do Trabalho, no que diz respeito ao ruído, temperatura, umidade e iluminação. (13)

    Mulher grávida trabalhando em canteiro de obras - foto: Blend Images/ShutterStock.com

  • Dirigir: evitar extensão de braços e pernas mantendo-os semiflexionados, aproximar o banco da direção, sem comprimir o abdômen. Utilizar o cinto de segurança com a tira inferior abaixo do abdômen e a tira superior entre as mamas, desviando o abdômen.
  • Deitar: sentar na beira da cama, apoiar o tronco sobre o cotovelo, girando de costas, colocando as pernas sobre a cama. Para levantar, utilizar o processo inverso. sentar na beira da cama, apoiar o tronco sobre o cotovelo, girando de costas, colocando as pernas sobre a cama. Para levantar, utilizar o processo inverso.
  • Relaxar: é importante que a grávida repouse em sua cama uma hora, diariamente, colocando os pés para cima, pois ajudará a circulação em todo o corpo. Procure empurrar repetidamente os pés contra a guarda da cama, alongando a musculatura posterior das pernas o que fará com que ative a circulação. Isso deve ser feito com todo o cuidado e devagar, já que algumas mulheres são facilmente acometidas de cãibras, se isto ocorrer, alongar a musculatura afetada. Recomenda-se suprir a necessidade de potássio através de dieta (ingerir bananas).
  • Dormir: utilizar travesseiro que preencha o espaço entre a cabeça e os ombros e outro entre as pernas. Preferencialmente utilizando um posicionamento para o lado esquerdo, pois esta posição permite um relaxamento dos músculos das costas, diminuindo a compressão dos discos intervertebrais e facilita a circulação do sangue, principalmente a útero-placentária. utilizar travesseiro que preencha o espaço entre a cabeça e os ombros e outro entre as pernas. Preferencialmente utilizando um posicionamento para o lado esquerdo, pois esta posição permite um relaxamento dos músculos das costas, diminuindo a compressão dos discos intervertebrais e facilita a circulação do sangue, principalmente a útero-placentária.

Tarefas domésticas

Ao realizar tarefas domésticas em pé (lavar louça, cozinhar, lavar roupa, passar roupa, etc…), a grávida deve colocar um dos pés sobre um banquinho de aproximadamente 20 cm de altura, alternando-os; aproximar-se do móvel onde estiver realizando a tarefa.

Tarefas em quatro apoios em posição de gato (lavar o chão, passar cera, limpar carpete, etc.), contrair o abdomêm, retificando a coluna e observar o relaxamento dos músculos do perineo. Ao ajoelhar-se coloque um pedaço de espuma sob os joelhos para protegê-los. Para limpeza no solo, faça movimentos amplos com os braços e tente trabalhar alternando-os. Quando torcer o pano de limpeza, enrole-o apoio-o no solo, depois dobre-o ao meio e comprima-o com os braços contra o solo.

  • Limpar paredes: manter a postura (ficar em pé) e fazer movimentos laterais e verticais amplos com os braços; associando a respiração, fortalecerá a musculatura dos membros superiores e peitoral, que sustenta as mamas.
  • Varrer: procurar vassouras e rodos de cabos mais longos para não se curvar durante a limpeza. Evitar torcer o tronco, empurrando o lixo para a frente do corpo. Estofar e engrossar o cabo facilitando a preensão.
  • Levantar objetos: dobrar os joelhos, abrir as pernas, encaixar a barriga entre elas. A força deve incidir sobre os músculos das pernas e não sobrecarregando a musculatura da coluna lombar.
  • Arrumar a cama: trocar o bebê ou banhá-lo, quando num nível abaixo da cintura, aproximar-se e ajoelhar-se junto ao móvel. Recomenda-se utilizar equipamentos apropriados e de altura adequada.

Auto cuidados

  • Escovar os dentes: aproximar-se ao máximo da pia, flexionar os dois joelhos com abertura lateral das coxas, evitando flexionar o corpo. Utilizar um banquinho de aproximadamente 20 cm para colocar um dos pés alternando-os; isto proporcionará uma postura adequada para realizar a tarefa, evitando sobrecargas na coluna.
  • Maquiagem: Esta atividade deve ser realizada em um ambiente bem iluminado. O espelho deve estar na altura do rosto, para que a gestante não necessite curvar-se evitando uma sobrecarga na coluna vertebral. Se for realizada no banheiro, utilizar como auxílio o banquinho.
  • Banho: os produtos a serem utilizados durante o banho (shampoo, sabonetes, etc.), devem estar dispostos às altura dos ombros ou acima da linha da cintura. Evitando uma inclinação do tronco e compressão abdominal ao abaixar-se. Durante o banho recomenda-se a utilização de um banco no boxe sobre um tapete anti-derrapante. Para lavar os pés, sente-se e cruze uma perna sobre a outra. No final da gestação com o crescimento abdominal, a melhor forma de fazê-lo será trazendo cada perna de encontro ao corpo. Aproveitar o momento do banho para realizar massagens circulares nas mamas e mamilos. Para lavar as costas utilize uma toalha de rosto dobrada no sentido do comprimento e lave-as na diagonal ou utilize escova de cabo longo, trocando alternadamente de lado.

Alterações ambientais

Sugerimos que a gestante altere seu ambiente físico, a fim de evitar quedas e escorregões acidentais.

  • Em casa: não utilize tapetes soltos nos quartos, use guarnições nos carpetes para fixá-los; retire móveis baixos e pequenos (banquetas, mesas de centro, etc) a fim de não machucar-se; retire cordões, arames e fios de telefones quando encontrarem-se em locais de passagem.
  • Nos assoalhos: Evite escadas com tapetes soltos e sem corrimão; evite transitar em pisos encerados; não sente-se em cadeiras e sofás baixos e camas muito altas, pois haverá um esforço físico inadequado para levantar-se. Colocar iluminação adequada para noite (principalmente no caminho do banheiro).
  • Banheiros: Colocar apoios de alça no toalete e no chuveiro; Usar borracha anti-derrapante no boxe do chuveiro e banheiro; Instalar suporte para colocação de shampoo, sabonete, etc, ao alcance, conforme orientação em autocuidados.
  • Fora de casa: procure obter iluminação adequada perto de portas e escadas e mantenha os passeios nivelados e conservados.

Sabendo-se das modificações que a gestação causa, a Terapia Ocupacional, através destas orientações, busca prevenir acidentes, manter as habilidades da gestante, para que possa fazer os movimentos necessários no dia-a-dia com segurança, facilitando o seu desempenho.

Conclusão

Os objetos que construímos e as coisas que fazemos, fornecem uma ponte entre a nossa realidade interna e o mundo externo. Nas nossas atividades no dia-a-dia, mostramos nosso cuidado sobre como sobreviver, estar confortável, ter prazer, solucionar problemas, expressar nossa relação com os outros e o mundo mais amplo da sociedade.

O terapeuta ocupacional, após análise da atividade, facilita o envolvimento da grávida, através de um ambiente terapêutico adequado, a reflexão das suas situações de vida diária e desenvolve habilidades no desempenho das tarefas essenciais aos papéis que exerce na vida.

Acredita-se que, através destas orientações, a Terapia Ocupacional, que utiliza-se da atividade como recurso terapêutico, pode prevenir e tratar complicações de ordem biopsicossocial durante a gestação.

Estas orientações devem ser seguidas e entendidas pelas gestante de forma adaptável e gradual, modulando tempo e força às condições individuais respeitando a idade gestacional.

Sabe-se que numerosas são as orientações para esta clientela, portanto deixamos em aberto para que outros trabalhos sejam realizados a fim de que tenham uma continuidade.

Bibliografia

1. DAVIES, P. M. Exatamente no Centro: atividade seletiva do tronco.

2. LIANZA, S. Medicina de reabilitação. Rio Janeiro: Koogan, 1995.

3. KELEMAN, S. Anatomia emocional. São Paulo: Summus Editora, 1991.

4. BRUNHS, H. (org). Conversando sobre o corpo. 5ª ed. Campinas: Papirus, 1994.

5. BERTHERAT, T.; Bernstein, C. O corpo tem suas razões: anti-ginástica e consciência de si. 17ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

6. VAYER, P. O equilíbrio corporal: uma abordagem dinâmica dos problemas da atitude e do comportamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.

7. TROMBLY, C. Terapia Ocupacional para a disfunção física. 2ª ed. São Paulo: Santos, 1989.

8. DALE, B.; ROEBER, J. Exercícios pré-natais. São Paulo: Maltese, 1992.

9. WHITEFORD, B.; POLDEN, M. Exercícios pós-natais. São Paulo: Maltese, 1992.

10. ANDRADE, A.; SOUZA, E. Maternidade com sucesso. Belo Horizonte: Health, 1996.

11. MICHTELL, L. Relaxamento Básico. Método fisiológico para aliviar a tensão. São Paulo: Martins Fontes, 1983

12. MICHTELL, L.; DALE, B. Movimentos básicos. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

13. MINISTÉRIO DO TRABALHO. Norma Regulamentadora n° 17. Nov/1990.

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