Como fazer um bebê perfeito

Como a Medicina pode ajudar os pais a atingirem este objetivo

O tema bebê perfeito leva a milhares de perguntas. Afinal o que significa a perfeição de um ser humano? Não há como negar que pais e mães desejam um filho perfeito e todos querem fazer o possível para obter o melhor, desde antes da gestação.

Ao ouvirem isso, muitos pensarão na palavra eugenia. Este termo surgiu em 1883, criado por Francis Galton. Ele definiu a eugenia como o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades étnicas das futuras gerações, seja física ou mentalmente. Até hoje este é um assunto que gera polêmica, especialmente por seu aspecto ético.

Exemplo disso na ficção é a obra literária Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, publicada em 1932, quase um século atrás, e que se passa em um hipotético futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente. Ou o filme Gattaca, de 1997, que também se passa em um futuro indefinido no qual seres humanos são escolhidos geneticamente em laboratórios e aqueles concebidos biologicamente são considerados inválidos ou inferiores.

Porém, se uma pessoa tivesse a chance de evitar que seu filho nascesse com problemas de saúde ou alguma deficiência física não o faria? Muitas famílias que trazem heranças genéticas de doenças graves não teriam o direito de mudar o futuro de seus descendentes? Hoje, em muitos casos, isso é possível, dentro da reprodução assistida graças ao diagnóstico genético pré-implantacional, que avalia a saúde dos embriões, evitando que crianças nasçam com Síndromes de Down, Patau, Edwards, Prader-Willi, Russel-Silver, Beckwith-Wiedemann ou Angelman, por exemplo.

Claro que mesmo famílias nas quais não haja problemas de saúde prévios, os pais podem colaborar para que suas crianças nasçam o mais saudável possível. Isso seguindo dietas balanceadas e evitando a ingestão de produtos químicos, por exemplo.

É evidente que não é simplesmente a estética que se deseja para um filho, é muito mais, pois este detalhe da beleza física é de importância ínfima. Principalmente nos dias de hoje, nos quais recursos estéticos estão disponíveis e podem moldar um indivíduo, o que pode dar inveja a outros que foram privilegiados pela genética natural. Dieta, exercícios, recursos estéticos, “personal stylist”, entre outros, podem ser de grande ajuda àqueles que querem mudar algo que os incomoda.

Porém, o que falo aqui é sobre o desejo de se ter um filho com saúde perfeita, aptidão e inteligência para enfrentar a vida. Ao contrário das obras de ficção citadas no início do texto, ainda não é possível pensar na promessa de uma terapia genética capaz de eliminar traços indesejáveis e inserir genes que foram criados ou desenvolvidos em laboratório. O que, entre nós, é questionável eticamente.

A Medicina Reprodutiva, porém, pode fazer muito pelos casais que desejam “um filho perfeito”, mas existem outros indicadores que não devem ser esquecidos. Aquilo que somos não é exclusivamente herança genética, mas proveniente de outros fatores, como os epigenéticos (do grego EPI = além de + genética) que influenciam na expressão dos genes que podem se propagar ou permanecerem adormecidos, dependendo de sinais provenientes do exterior da célula. Nosso código genético possui verdadeiras “chaves de liga/desliga”, que ativam ou inativam a ação dos genes. Mais do que isso, também levemos em conta, a influência daqueles que nos criaram e educaram e são os responsáveis pela formação do nosso caráter. E isso vai depender da origem familiar de cada um.

robô e uma tela holográfica - foto: videodoctor/ShutterStock.com

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Dr. Arnaldo Schizzi Cambiaghi

Ginecologista Obstetra especialista em Reprodução Humana e Cirurgia Endoscópica Além de dedicar a maior parte de seu tempo ao conhecimento...

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