Cocô do bebê: como saber se está tudo normal – parte 3

Se somos o que comemos, então é bom conhecer um pouco sobre alguns nutrientes para entender porque “”somos”” assim 😉

Antes de seguirmos esse caminho da digestão e das fezes, será que não seria interessante conhecer um pouco mais sobre o que vai dentro do sistema digestivo e estimula todo esse processo?

Esse artigo faz parte de uma série, para ver as demais partes, acesse:

Não, não. Isso não é uma orientação de dieta, uma recomendação alimentar. É uma visão geral da nossa alimentação e uma recomendação do que você ou uma criança precisam receber durante o dia em suas refeições.

Composição ideal da alimentação – MACRONUTRIENTES
macronutriente quantidade em % função/processo de absorção
Proteínas 10 a 20% elemento principal na construção e reparação dos tecidos do corpo. As enzimas atacam primeiramente essas moléculas no estômago e elas são quebradas no intestino delgado com a ajuda das enzimas e dos sucos produzidos (do revestimento intestinal e pancreático) no intestino delgado ou no pâncreas criando pedaços menores conhecidos como aminoácidos – pequenos o suficiente para serem absorvidos pelo intestino delgado e irem direto para o sangue.
Carboidratos 50 a 60% começam a se quebrar na primeira mordida, continuam a ser quebrados pelos sucos digestivos produzidos no pâncreas e intestino delgado e, depois, são absorvidos no intestino delgado, onde entram na corrente sanguínea. O amido é quebrado da mesma maneira, porém, com mais uma etapa – a quebra produz a glicose, que é armazenada no fígado gerando energia.
Gordura 25 a 30% essa é a principal fonte de energia. A bile dissolve a gordura, quebra as moléculas em pedaços menores que são absorvidos pela mucosa do intestino e vão para o sangue e são depositadas em diferentes áreas do corpo todo.

IDEAL: Gorduras INSATURADAS (líquidas em temperatura ambiente). As gorduras saturadas, ruins, são sólidas em temperatura ambiente (manteiga, margarina, carne, gordura vegetal).

Outras boas fontes de gordura (ômega 3): castanha, nozes e peixes.

Composição ideal da alimentação – MICRONUTRIENTES
micronutriente função/processo de absorção/composição
Vitaminas C, B absorvidas no intestino delgado. Existem dois tipos básicos de vitaminas no alimento que consumimos: a solúvel em água e solúvel em gordura. As vitaminas solúveis em água (vitaminas B e vitamina C) são absorvidas com facilidade junto com a água no intestino delgado, onde são distribuídas pelo corpo através dos vasos sanguíneos.
Vitaminas A, D, E e K São vitaminas solúveis em gordura e são absorvidas exatamente como a gordura que mencionamos acima. Entretanto, uma vez absorvidas, elas são armazenadas por longos períodos nas células chamadas adipócitos. As vitaminas solúveis em água (vitaminas B e vitamina C) não ficam no corpo por muito tempo – a quantidade excedente geralmente é eliminada pela urina em uma rápida ida ao banheiro.
Sais minerais Sódio, Ferro, Cálcio, Fósforo, Magnésio, Zinco.
Composição ideal da alimentação – OUTROS NUTRIENTES
ÁGUA
FIBRAS
Peixe, carne, frango: Proteínas, gorduras, minerais (ferro), vitaminas (B-12) e xenobióticos.
Leite: Carboidratos, proteínas, gordura, minerais (cálcio e fósforo e pode ser acrescido de ferro nas fórmulas infantis), vitaminas (A, B2 e B-12).
Leites fermentados com Probióticos. Não é qualquer iogurte que tem Probióticos.
Ovo: Proteínas, gorduras, minerais e vitaminas.
FLV (frutas, legumes e verduras): Carboidratos, vitaminas, minerais e fibras. Frutas com casca e bagaço sempre que possível (comer melhor do que beber).
Alimentos integrais: Fibras (arroz, macarrão, pão) cereais integrais (com casca).Feijão, ervilha, lentilha, grão de bico – são fontes de proteína vegetal, com minerais (ferro) e fibras (na casca). Mas podem provocar mais gases (fibras).Linhaça e granola (mistura de sementes) – fibras, carboidratos, proteínas e gordura.
Nutrientes que se consumidos em excesso podem ser prejudiciais
MACRONUTRIENTES
o excesso de pode atacar
Proteínas Rins
Carboidratos Sistema digestório (gases), metabolismo (aumenta insulina que aumenta transformação em gorduras).
Gordura Sistema circulatório (Hipertensão, Acidente Vascular Cerebral, Infarto do Miocárdio), Fígado (esteatose).
MICRONUTRIENTES
o excesso de pode atacar
Vitamina C Rins (cálculo renal).
Ferro Fígado (hemossiderose).
Cálcio Rins (cálculos), coração.
Vitamina D enjoo, desidratação, prisão de ventre e pode aumentar a quantidade de cálcio, elevando a pressão arterial. Pode também gerar pedras nos rins.

O leite materno

Não dá para não falar sobre o leite materno.

O colostro é o primeiro leite que a mãe secreta e tem um papel definido na proteção do recém-nascido (contém mais anticorpos e mais células brancas). É rico em proteínas e vitaminas A, E e K além de minerais como zinco e sódio, sendo assim contém menos gorduras e carboidratos. É secretado em quantidades que variam entre 10 e 100 ml/dia, ocorrendo maior produção em multíparas (mães de segunda viagem em diante). Permanece até o 4° ou 7° dia pós-parto.

O leite de transição permanece entre 7° e o 21° dia pós-parto. Nesse período, ocorrem alterações como o aumento da gordura e da lactose, e a diminuição do teor proteico e de minerais.

O leite maduro tem características próprias como diferentes concentrações de nutrientes em uma mesma mamada, sendo eles o leite do começo, rico em proteína, lactose, vitaminas, minerais e água e o leite do fim que contém mais gordura. Por isso é tão importante a recomendação da livre demanda.

Os macronutrientes do leite materno

As proteínas são secretadas entre 1,2 a 1,5 g/100ml/dia, sendo a caseína a proteína mais importante entre elas. A relação entre as concentrações de caseína/proteínas do soro (enzimas, imunoglobulinas, alfa-lacto-albumina) no leite materno e no leite de vaca são LH ~ 40:60% e LV ~ 80:20%; favorecendo o tempo de esvaziamento gástrico no leite humano.

O leite materno também possui a alfa-lacto-albumina que ajuda na síntese de lactose.

As gorduras são secretadas nas quantidades de 2g/100ml/dia no colostro, aumentando para 3,5g/100ml/dia 15 dias após o parto, responsáveis por fornecer 35 a 50% da ingestão energia diária.

São divididas entre triglicérides (90%), colesterol e fosfolípides. Os triglicérides, por sua vez, são divididos entre ácidos graxos (AG) e glicerol. A composição dos ácidos graxos é de 43% saturados e 57% insaturados [láurico (12:0), mirístico (14:0), palmítico (16:0), palmitoléico (16:1), esteárico (18:0), oléico (18:1), linoléico (18:2), linolênico (18:3).

Aspectos nutricionais do LEITE MATERNO

Componente mais variável do leite humano, portanto são necessários cuidados especiais na duração das mamadas e na ordenha manual.

Os carboidratos (lactose, galactose, frutose, oligossacarídeos) aparecem em concentrações de 4% no colostro e 7% no leite maduro, perfazendo 40% das necessidades energéticas. São secretados em quantidades de 7g/100ml/dia de lactose sendo 0.8% de oligossacarídeos, que associados aos peptídeos formam o fator bífido que tem papel protetor do trato gastrointestinal, inibindo infecções oportunas.

Os micronutrientes

As vitaminas estão em concentrações geralmente adequadas, variando conforme dieta materna.

A quantidade de vitamina A no colostro é o dobro da do leite maduro.

A vitamina K protege o bebê da doença hemorrágica do RN, diminuindo as chances de desenvolvimento da patologia.

A vitamina E geralmente atende às necessidades do bebê e a vitamina D quando associada à luz solar evita que os bebês amamentados exclusivamente desenvolvam a deficiência (mas a quantidade de vitamina D do leite materno não supre, sozinha, as necessidades dos lactentes).

As vitaminas hidrossolúveis geralmente são suficientes mesmo em mães vegetarianas ou desnutridas.

A concentração dos minerais não é significantemente afetada pela dieta materna.

A boa relação cálcio:fósforo (2:1) favorece absorção do cálcio e diminui o teor de fósforo contribuindo para a manutenção pH intestinal mais ácido que por sua vez favorece flora benéfica intestinal.Apesar de o ferro apresentar concentrações pequenas no leite humano sua biodisponibilidade é alta, evitando anemia.

Sendo assim, pode-se afirmar que o leite materno é, sem dúvida, o melhor alimento!

Na próxima parte, direto para o bebê e seu cocô… arghhhh!!!

Dr. Moises Chencinski

Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo com título de especialista em pediatria pela Associação Médica Brasileira (AM...

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