Asma

O desafio de diagnosticar e tratar a asma em bebês

Confusão com sintomas de outros problemas respiratórios e reticência em admitir a doença são principais entraves para o controle adequado.

Que mãe nunca acordou no meio da noite para zelar pelo sono de seu pimpolho e se deparou com um chiado no peito? Imediatamente, a dúvida: será que é asma? Logo o temor de ver seu filho lutar contra uma doença crônica que, sem controle adequado, impacta na qualidade de vida, invade seus pensamentos. Mas não há motivo para alarde, embora seja uma doença complexa, a asma pode ser controlada.

O chiado no peito é um sintoma freqüente em lactentes e crianças pequenas. Segundo estimativas, cerca de 50% das crianças nessa faixa etária apresentará, em algum momento, pelo menos um episódio de sibilância. Contudo, nem sempre o chiado no peito é indicativo de asma, pois pode estar relacionado a outras doenças respiratórias.

A semelhança com os sintomas de outros problemas respiratórios é o primeiro desafio para o diagnóstico. “O importante é saber que há asmas genuínas em uma parcela significativa de bebês e crianças pequenas”, alerta o alergista e pediatra do Hospital de La Fe de Valencia (Espanha), Antonio Nieto, ressaltando a complexidade da doença e a necessidade de individualização do tratamento. O médico, que recentemente esteve no Brasil para uma série de palestras sobre a asma em lactentes, é um dos maiores especialistas no assunto.

“A asma é a doença crônica mais comum na infância”, complementa o alergologista e imunologista pediátrico, professor titular do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM), Dirceu Solé. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afeta em média 10% das crianças em todo o mundo.

Há três grupos definidos de pacientes infantis asmáticos. Os chiadores transitórios apresentam sibilância apenas nos primeiros anos de vida, geralmente associados a infecções virais. Os chiadores persistentes iniciam as crises no primeiro ano e mantêm os sintomas pelo menos até a idade escolar. Já os tardios apresentam chiado em geral após os três primeiros anos de vida, sendo que o sintoma pode estar relacionado a episódios virais agudos.

A asma só pode ser confirmada se a sibilância for recorrente e estiver associada a níveis elevados de IgE específica a determinados alérgenos. A IgE é imunoglobulina responsável pela reação alérgica. “No entanto, para não assustar as mães alguns profissionais usam eufemismos como sibilância e bronquite, prejudicando a adesão ao tratamento e a compreensão da gravidade do problema”, esclarece Nieto.

O controle da doença com medicamentos é outro desafio. A asma na infância é diferente da forma adulta e exige uma abordagem especial. Os pulmões das crianças ainda estão em desenvolvimento, seu sistema imunológico ainda é imaturos e suas vias aéreas são menores e ficam obstruídas com maior facilidade.

Para ilustrar a complexidade da doença, Nieto recorre à imagem de um cubo mágico, em que cada quadradinho é resultado da interação de um fator desencadeante – alérgenos, clima, alimentação, exercício, entre outros – com o genótipo (conjunto de genes) de cada paciente. “As características de cada criança devem ser avaliadas individualmente e em cada momento particular para definir a melhor abordagem terapêutica” esclarece. “Não existe tratamento único”, complementa Solé.

De acordo com estimativas, apenas 8% das crianças seguem o tratamento com corticóides inalatórios após um ano por causa da dificuldade de administração – os pequenos rejeitam as máscaras de inalação. “Uma alternativa são os antagonistas de leucotrieno. O montelucaste de sódio, por exemplo, está aprovado para bebês a partir de seis meses e pode ser administrado misturado à alimentação”, exemplifica Nieto.

O fundamental é identificar corretamente o paciente asmático e iniciar o tratamento o quanto antes para manter a qualidade de vida e evitar o agravamento da doença e complicações como o déficit de função pulmonar. “A asma é uma doença inflamatória crônica dos brônquios, portanto, quanto mais cedo for tratada melhor para o paciente e sua família”, completa Solé.

Asma, um problema de saúde pública

A prevalência da asma vem aumentando significativamente nos últimos dez anos. De acordo a OMS, cerca de 100 a 150 milhões de pessoas são vítimas da doença em todo o mundo. No Brasil, calcula-se que aproximadamente 10% da população sofram de asma.

A asma é uma doença inflamatória em que as vias aéreas se contraem, dificultando a respiração. Os sintomas, que podem ser extremamente desconfortáveis para os pacientes e para os que estão ao seu lado, incluem tosse, chiado, aperto no peito e dificuldades de respiração.

Sabe-se que a asma é uma resposta a determinados fatores desencadeantes existentes no ambiente, tais como pólen, cigarro, mudanças climáticas, determinadas infecções virais e exercício. Esses fatores desencadeantes variam de uma pessoa para outra, mas a resposta é semelhante. Nas pessoas asmáticas, as paredes das vias aéreas se tornam cronicamente inflamadas e, na presença de um fator desencadeante, os músculos ao redor das vias aéreas se contraem e as vias aéreas também se estreitam, dificultando a respiração.

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